Ao contrário do habitual, saí de casa a pé, e apanhei o metro para ir para o concerto. Com o iPod no bolso, a ouvir uma última vez o Whatever People Say I Am, That's What I Am Not. Não sei se o título do álbum pretende ser um acto de revolta, tão próprio da adolescência, é provável que seja, o estar contra por estar contra, mesmo que se saiba que não se tem razão. Para ser honesto, gosto de pensar que é uma maneira de dizer que as pessoas, sem nos conhecerem, inevitavelmente tiram conclusões sobre nós que não correspondem à realidade. E que é impossível não simplificarem, e que essa simplificação resulta, também ela invariavelmente, em percepções erradas. Agora, fiquei sem certeza disso, se é que alguma vez a tive. Porque parece tão simples. Porque não parece mais que um grupo de putos que se lembrou de começar a tocar sobre o que se passa à volta deles, sobre o dia-a-dia, sobre os problemas comuns que fazem a nossa vida, sobre a gaja que um deles tentou comer ontem à noite. Mas o que saiu daquele palco... Mais de hora e meia de pura adrenalina. A atitude dos álbuns multiplicada até ao infinito, uma energia que também dificilmente me lembro de sentir num concerto, tão simples, tão directo, tão bom! Também durante aquele tempo fui mais um puto, no meio de todos, aos saltos, a cantar as músicas de uma ponta à outra, a gritar os refrões com os braços no ar. Adoro concertos que me façam saltar, gritar, esquecer se o som está bom, analisar cada instrumento, cada música, cada acorde, não estar a avaliar o concerto, mas a vivê-lo. E se o Coliseu não veio abaixo desta vez, dificilmente virá. A intensificar a experiência, já de si exaustiva, estava um calor infernal e sufocante, mas não interessava, já nada interessava. Não há pausas, não há um bocadinho para respirar, as músicas são frenéticas, os crescendos delirantes, e nem as músicas mais calmas nos deixam estar quietos um segundo. Um concerto dos Arctic Monkeys não é uma experiência profunda, não nos coloca num outro universo, não nos leva a sonhar, a partir à descoberta dos detalhes profundos da música, de nós próprios. Não, é simplesmente berserk as fuck!
Friday, July 20, 2007
Ao contrário do habitual, saí de casa a pé, e apanhei o metro para ir para o concerto. Com o iPod no bolso, a ouvir uma última vez o Whatever People Say I Am, That's What I Am Not. Não sei se o título do álbum pretende ser um acto de revolta, tão próprio da adolescência, é provável que seja, o estar contra por estar contra, mesmo que se saiba que não se tem razão. Para ser honesto, gosto de pensar que é uma maneira de dizer que as pessoas, sem nos conhecerem, inevitavelmente tiram conclusões sobre nós que não correspondem à realidade. E que é impossível não simplificarem, e que essa simplificação resulta, também ela invariavelmente, em percepções erradas. Agora, fiquei sem certeza disso, se é que alguma vez a tive. Porque parece tão simples. Porque não parece mais que um grupo de putos que se lembrou de começar a tocar sobre o que se passa à volta deles, sobre o dia-a-dia, sobre os problemas comuns que fazem a nossa vida, sobre a gaja que um deles tentou comer ontem à noite. Mas o que saiu daquele palco... Mais de hora e meia de pura adrenalina. A atitude dos álbuns multiplicada até ao infinito, uma energia que também dificilmente me lembro de sentir num concerto, tão simples, tão directo, tão bom! Também durante aquele tempo fui mais um puto, no meio de todos, aos saltos, a cantar as músicas de uma ponta à outra, a gritar os refrões com os braços no ar. Adoro concertos que me façam saltar, gritar, esquecer se o som está bom, analisar cada instrumento, cada música, cada acorde, não estar a avaliar o concerto, mas a vivê-lo. E se o Coliseu não veio abaixo desta vez, dificilmente virá. A intensificar a experiência, já de si exaustiva, estava um calor infernal e sufocante, mas não interessava, já nada interessava. Não há pausas, não há um bocadinho para respirar, as músicas são frenéticas, os crescendos delirantes, e nem as músicas mais calmas nos deixam estar quietos um segundo. Um concerto dos Arctic Monkeys não é uma experiência profunda, não nos coloca num outro universo, não nos leva a sonhar, a partir à descoberta dos detalhes profundos da música, de nós próprios. Não, é simplesmente berserk as fuck!
Sunday, July 15, 2007

Tuesday, July 10, 2007
Mais um momento de magia. Momentos em que a última semana foi pródiga, dos que nos fazem sonhar, ter medo, entrar em êxtase, em histeria. Momentos pelos quais, tenho que admitir, ansiava já há algum tempo. Que me mantiveram com um nervoso no estômago, que foi piorando até se tornar em insónias nas noites anteriores. E do qual guardo recordações que não vou esquecer nunca, novas paixões, novos sons que me vão deixar fora da minha cabeça por muito tempo, certamente, depois destes dias.A preparação começou com a antecedência necessária à preparação dos grandes momentos. Esta passou por reunir, religiosamente, as discografias de todos quantos iam ter oportunidade de pisar o palco do Super Bock Super Rock deste ano de 2007.


Tuesday, March 27, 2007
O começo...


Friday, March 23, 2007
Chegado que estou a este ponto da minha viagem, posso indicar quais as paragens musicais que considero fundamentais. Alguns grupos que se destacam claramente, e pelos quais tenho um respeito e admiração enorme.
Não acho que faça muito sentido falar d'A banda preferida, d'O álbum preferido. Seria uma lista com uma mudança quase diária, depende do momento, do estado de espírito, de um concerto ou de um momento memorável recente passado a ouvir uma música. De qualquer forma, com uma ordem mais ou menos arbitrária vou tentar dar a conhecer aquelas que são, para mim, as cerca de 10 (vamos ver se me consigo conter pelo número) melhores bandas de sempre. Ou do meu sempre, se preferirem.
Aproveito, desde já, para pedir desculpa a todos os músicos brilhantes que fiquem esquecidos, e a todos os que não aparecem na lista. Eu sei quanto seria importante para vocês...
Os Yo La Tengo são os fortes candidatos ao topo da minha lista. Há vários anos que os acompanho, desde os primeiros tempos, através de infindáveis minutos de distorção. Uma evolução constante do seu som, sem nunca perderem a identidade e, mais fundamentalmente, uma capacidade de criar músicas que, sem deixarem de ser rock, fundem influências e estilos nalguns dos mais belos momentos musicais dos últimos anos. Destaco o álbum Electr-O-Pura, por ser o que me abriu os olhos (deveria dizer ouvidos) para quão fantásticos estes dois rapazes e rapariga são. Em cada novo álbum reinventam-se, mas mantêm uma qualidade musical muitos furos acima da média.
Belle & Sebastian... bem, a minha relação com os Belle & Sebastian tem vindo a decair um pouco. Creio que isso se deve à evolução da sua música ser mais no sentido da produção (nem sempre uma coisa boa), do que da evolução da música em si. São assumidamente pop, mas com composições lindíssimas foi-me impossível não me render ao encanto destes rapazes, raparigas e sabe-se mais o quê de Glasgow. As suas letras com tanto de inteligência como de ironia, acompanhadas por dotes de composição musical igualmente fabulosos criaram algumas das mais belas melodias pop do meu sempre. Os seus últimos álbuns não têm, na minha opinião, trazido nada de novo, apenas mais músicas lindíssimas, mas isso não é uma desilusão, pelo contrário. O meu álbum de eleição é o The Boy With the Arab Strap. Ouvi-lo pela segunda ou terceira vez transformou-se numa tarde inteira a ouvi-lo, e na compra no dia seguinte da discografia completa do Belle & Sebastian.
Os Pixies não foram só aquela primeira cassete, são de facto uma das bandas mais fantásticas de sempre. O surrealismo latente no seu som, e nas suas letras (o próprio Buñuel teve direito a homenagem), o total descomprometimento da sua obra, a sua energia ao vivo, são motivos mais que suficiente para ter que os considerar fundamentais. Uma vez que os comecei a ouvir com o Trompe Le Monde, a dissolução pouco tempo depois causou-me um enorme desgosto que durou vários anos, nunca os ter visto ao vivo. Pois já os vi nas últimas três visitas a Portugal, e vê-los-ei sempre que cá vierem, certamente, são a única banda que me põe aos saltos e aos berros durante um concerto, das quais não vos sei dizer se os concertos foram bons, se tocaram bem, o que fôr, não estou lá... Acho que não preciso dizer qual o meu álbum preferido, o seu álbum mais punk parece que foi feito para mim.
Os Sonic Youth, não tenho qualquer dúvida que são das bandas mais importantes para a música contemporânea (a que me interessa, pelo menos). Mais uma banda que, mantendo sempre o seu som tão original e característico, conseguiu evoluir e criar álbum atrás de álbum, sempre diferentes, mas sempre incríveis. A forma como exploraram desde o início o que era possível fazer com uma guitarra, como transformaram o ruído em melodias quase pop por vezes, com uma força e uma harmonia extraordinárias. São absolutamente fundamentais, influenciaram quase tudo o que se ouve hoje e empurraram sempre os limites da música, introduzindo nela elementos da sua inesgotável criatividade, não apenas musical. Apesar de adorar as suas obras mais experimentais, tenho que eleger Goo como O álbum. A forma como conseguem tranformar ruído em músicas tão fantásticas é uma pequena amostra do seu enorme talento.
Sugar... bem... sim, eu sei, os Hüsker Dü foram mais importantes para o rock alternativo, foram a primeira banda a assinar por uma major sem isso implicar qualquer alteração na sua orientação musical (os seus contemporâneos R.E.M. não poderão dizer o mesmo...). É óbvio que qualquer uma destas duas bandas (Sugar e Hüsker Dü) é fruto do talento inesgotável de Bob Mould, mas elejo os Sugar porque, nos seus momentos mais altos, são inatingíveis. O talento de Bob Mould como compositor encaixa perfeitamente na sua mestria com uma guitarra. As melodias densas, pesadas, complexas, com as suas letras crípticas e a sua voz perdida nesta amálgama não são mais do que uma descrição da sua maneira de tocar. A grande diferença é que nos Sugar teve a acompanhá-lo talvez uma das melhores duplas de baterista / baixista rock de sempre, em actuações ao vivo é inacreditável como não falham uma batida, em músicas com uma tal violência, intensidade e complexidade. Como álbum preferido elejo o Beaster. Não se trata bem de um álbum, mas de uma colecção das músicas demasiado brutais para encaixar no Copper Blue. Como sempre, Bob Mould está no seu melhor quando deixa as emoções fluir mais violentamente - o que não impede os Sugar de ter baladas tão belas como "Hoover Dam" ou "Explode and Make-Up".
Que dizer dos Velvet Underground, o início de tudo? A sua música é tão claramente inovadora, mesmo para os padrões de hoje, que é quase inconcebível ter 40 anos. Claro que o ambiente da Factory (de Andy Wahrol, ainda não de Tony Wilson) foi propício à total liberdade artística da banda. A sorte de contar (inicialmente, pelo menos) com os génios de Lou Reed (o lado pop) e John Cale (o lado experimentalista e um talento raro de composição), ajudaram a transformar para sempre a face do Rock N' Roll. A sua estreia, Velvet Underground & Nico, é um dos álbuns fundamentais da história da música. O uso livre da guitarra, a estrutura rítmica não linear das músicas, a abordagem de temas como as drogas, o sado-masoquismo, o underground de Nova Iorque são as fundações e a inspiração, atrever-me-ia a dizer de todas as bandas que os sucederam.
É quase criminoso o ignorar dos The Fall como fundamentais para o desenvolvimento da música alternativa. A maneira como pegam na raiva, na crítica, no som do punk, e lhe acrescentam profundidade, inteligência e complexidade é fabulosa. A voz carismática de Mark E. Smith é de tal maneira marcante, que James Murphy não resiste a usá-la frequentemente nos seus LCD Soundsystem. As suas letras carregadas de inteligência e ironia, de que se aproveitam para fazer críticas sociais profundas, aliam-se a uma secção rítmica que, para mim, marcou o início da música de dança como a conhecemos, e logo no rock. Um álbum? The Infotainment Scan foi o que mais me marcou.
Joy Division são tudo o que os Fall foram, de uma forma mais negra, mais densa, mais pesada, mas igualmente genial. A sua curta carreira deu-nos uma tal colecção de músicas que não se lhes pode ficar indiferente. O seu papel foi, tal como os Fall, fazer a ponte entre o punk puro e duro (não que haja nada de errado com ele) e uma música mais aprofundada, mais cuidada, sem perder a sua filosofia de revolta.
Galaxie 500. Quem diria que os americanos tinham no sangue uma melancolia quase tão profunda como a nossa? Pegam em punk, e transformam a raiva em melancolia. As suas músicas são arrepiantes, a voz de falsete, o trabalho rítmico tão incrível como o dos Joy Division, a sensação de juventude perdida, dos Estados Unidos dos cemitérios de comboios, raramente a música foi tão bela, tão hipnótica, tão desesperadamente marcante. É impossível não me sentir estranho depois de os ouvir, escolher músicas ou álbuns é quase impossível, parece que os fantasmas que residem nos seu interior vão voltar para nos atormentar.
Também do outro lado do Atlântico apareceram os Mercury Rev. Irmãos espirituais do Flaming Lips, são os culpados destes não aparecerem nesta minha lista. Acho que o brilhantismo de Wayne Coyne nos Flaming Lips é suplantado pela extrema beleza que os Mercury Rev conseguem trazer com cada novo álbum. A evolução do seu som é muito notória e Boces é, para mim, o álbum que melhor faz a ponte entre uma dose de experimentalismo muito saudável e uma beleza de composição musical encantadora.
Para terminar o périplo americano, quero falar um pouco dos Guided By Voices. Costumo dizer que a quantidade de músicas absolutamente incríveis, com pouco mais de um minuto, que os GBV lançaram davam para dezenas de singles número um numa banda com pretensões comerciais. Vi uma vez Robert Pollard comparado a Mozart em termos de capacidade de composição. Isto é talvez um exagero, mas menos absurdo do que possa parecer à primeira vista. Nunca ter ouvido Under the Bushes, Under the Stars é perder um dos melhores álbuns de rock de sempre, mesmo para ouvidos destreinados a quantidade de acordes que não saem do ouvido é sempre muito acima da média. As letras totalmente surrealistas não deixam de me fazer agradecer os raros momentos de sobriedade de Pollard.
Segundo Ian Brown, os Stone Roses eram a melhor banda do mundo quando estavam no seu auge. Quem sou eu para duvidar, Stone Roses é na minha opinião um dos melhores álbuns de sempre. Dificilmente encontramos uma colecção de músicas tão fantástica como esta, a voz de Ian Brown, a guitarra totalmente rendida a Squire, são minutos de pura magia. Com um primeiro álbum destes perdôo-lhes um segundo álbum que, não sendo mau, não tem metade da inspiração do primeiro.
A minha paciência para escrever esgota-se, a vossa já se esgotou certamente, mas os Smiths não podiam faltar na minha lista. O canto lírico encontra a pop, a androginia do seu som, associada à aparente facilidade de criar músicas brilhantes criou em The Queen is Dead um dos meus álbuns favoritos de sempre. Marcaram de forma indelével toda a música, e foram os percursores, quem sabe, do fenómeno britpop, tendo aberto caminho, ao cativar um público mais rock que certamente se sentiu desconcertado por descobrir até onde é que o som podia ir.
Last but not the least, os Stereolab. Tenho que admitir que adoro ouvir falar francês, e a voz de Laetitia Sadier apaixonou-me quase de imediato. O uso de uma parede de som electrónico onde se escondia o resto da música inicial puxou-me para um som que ainda hoje acho fabuloso. O facto de conseguirem evoluir até ao som que praticam hoje em dia, apesar de soarem a algo tão novo e diferente de início deve-se certamente a uma cultura e capacidade musical fantásticas. As influências tão díspares que transmitem, as suas letras altamente interventivas e utópicas, a beleza de todo o conjunto fazem deles uma das minhas bandas pop preferidas. É difícil destacar um disco, mas talvez Transient Random - Noise Bursts with Announcements.
Thursday, March 22, 2007
A par destas descobertas mantinha-se o gosto por Guns N' Roses, Metallica, AC/DC, Faith No More e pela explosão do grunge, que dificilmente deixava alguém indiferente na altura, eu não era excepção. Nirvana e Pearl Jam foram, talvez, as bandas que mais marcaram a época, e a mim também. Na noite em que soube da morte do Kurt Kobain ouvi a discografia completa dos Nirvana até altas horas. OK, eram gostos algo comerciais, mas não ouvia estas bandas pelos singles, conhecia os álbuns todos, as músicas todas, muitas das letras, as músicas preferidas nem sempre eram as mais rodadas. Sempre tive tendência para rejeitar o mais fácil, o que não desse luta, e a música não era excepção.
Nesta fase, dava para reparar na minha predilecção por guitarras. Aliás, não apenas minha, do mundo inteiro. E, curiosamente, o mérito de desarmar a minha resistência à música electrónica foi, mais que dos Fall, dos Mão Morta. Mais concretamente a música "Cães de Crómio" do álbum "Vénus em Chamas".
A partir daqui os gostos evoluíram, naturalmente na minha opinião. Quando se começa a ouvir determinados álbuns, começa-se a perder o interesse por outro tipo de música, menos elaborada, mais "fácil", menos desafiante, menos desconcertante. Rapidamente os Guns e os Metallica perderam a batalha contra os Yo La Tengo, Mercury Rev ou Flaming Lips. Pixies e Sugar mantiveram-se sempre no topo das preferências.
"I'm lost in music, caught in a trap, and there's no looking back. I'm lost in music"
Wednesday, March 21, 2007
Nesse caso, posso dizer que a minha vida começou cerca dos 12 anos, apenas, devido ao lançamento de um álbum chamado "Trompe Le Monde". De facto, a saída de cena dos Pixies coincidiu com o despertar do meu interesse musical. Até aí tinha-me limitado a vasculhar desinteressadamente a secção de vinílicos dos meus pais, onde se incluíam Beatles, Moody Blues, Santana, Beach Boys e sei lá eu que mais.
Aliás, minto. Desde bastante pequeno, a 5ª sinfonia do Ludwig Van e as 4 Estações do Vivaldi foram companhias inseparáveis de várias tardes de tédio infantil. Sabia-as religiosamente, e obrigava os meus companheiros de brincadeira a ouvi-las enquanto brincávamos, provavelmente às escondidas, ou qualquer coisa do género. Além disso, tinha uma cassete gravada com um Jackpot 80 e tal, por causa da música Woodpecker From Space, e que tinha, entre outras coisas, o tema principal do filme Ghostbusters e, principalmente, Frankie Goes to Hollywood. Mas o interesse pela música era ainda uma coisa latente, e portanto acho que se pode fazer fast forward para o ano de 1991, mais coisa menos coisa.
Tardes infindáveis em almoços de família têm destas coisas, e quando eram em casa dos meus primos mais velhos tinham a vantagem acrescida de horas e horas de busca incessante entre a sua invejável colecção musical. Um dia levei-lhes uma cassete, na qual gravaram o Trompe Le Monde (directamente do seu vinil acabado de comprar) no lado A, e o Rock Radioactivo dos Mata-Ratos no lado B. E foi assim que tudo começou, com um álbum que é, ainda, um dos meus álbuns preferidos, e com outro que... bem... talvez explique qualquer coisa sobre o meu gosto pelo punk.
O meu súbito interesse por estas coisas da música teve dois pontos de contacto importantes, os meus primos, que já referi, e o meu tio. E apesar de a minha primeira cassete (OK, segunda, mas a outra não conta) ter sido gravada pelos meus primos, a música que o meu tio me passava teve um pouco de primazia nos primeiros tempos. E os gostos dele eram um bocadinho mais pesados. Então, junto com a minha cassete de Pixies, apareceram cassetes de Faith No More, Metallica, AC/DC, Guns N' Roses, Megadeth (eu sei, eu sei), mas também Velvet Underground. Aos gostos mais eclécticos dos meus primos, juntava-se o rock puro e duro, e a partir daí nada seria como dantes. Sabia os álbuns, as músicas e as letras de cor.